"Tenho um amor imenso pra te dar, mas você parece que não quer. Só parece, porque não é capaz de dizer nada. Some na esquina com uma cara de espanto e de misericórdia, achando que assim vai me sossegar por uns tempos. Estou escrevendo um romance para te dizer o que bastariam duas palavras, pois você não consegue ouvir. Não pode entender. Não quer admitir. Não consegue me dizer. Diz pra mim, pôrra! Diz! Diz que você tem vontade de ficar comigo e que sabe que a vida assim seria diferente. Diz pra mim que você acha que o que eu te digo ninguém nunca disse, pois ninguém nunca viu você do jeito que eu te vejo. Diz pra mim que você está nervoso e aflito pois nunca ficou tão perto assim de alguém que se mostrou tão intensamente. Diz que eu sou transparente mas não fico aos seus olhos, invisível. Diz que o que me impede de te ter não é assim tão invencível. Diz que você sente alguma coisa quando lê meu nome na caixa do correio. Diz que você gosta de esperar pela surpresa das revelações dos meus pensamentos quando eles se despejam intermitentes. Diz que nunca houve um homem que olhasse pra você e que te visse de modo tão diferente. Diz que você tem vontade de saber qual é o sabor do meu beijo e do meu sexo. Diz que você sente tesão quando vê o mar mas nele não mergulha. Diz que você pode derreter a cêra que lacra o envelope que contém o mapa do meu tesouro. Diz que você pode ser feliz se a felicidade eu trouxer comigo. Diz que você pode ser feliz onde quer que seja se estiver comigo. Diz que você gosta de saber que eu gosto mesmo é de jabuticaba. Diz que você dorme e acorda, que você mija e caga, que você bebe e come, que você fode e ama, que você vê a luz acesa e quer entrar para receber um abraço. Diz que você gosta do tom que tem a cor do sinal vermelho. Diz que flor é essa. Diz e traz, acena e pede. Peça por calor. Peça meu amor. Faça como quer. Seja como for. Onde estiver. Não suma, por favor. É só isso que eu te peço, pois com isso eu já não posso. Eu te amo."